Antes de tudo, gostaria de dizer que esse capítulo da história da
Mansão Dorf teve a colaboração do meu cunhado Giulian (o personagem principal de "A pena e a carta dos Deuses"), que felizmente sonhou
com toda essa história e me contou detalhadamente.
Valeu cunhado, espero ter reproduzido o mais parecido possível!!!
Quando
se levantou do banco e deixou o menino sozinho, sabia exatamente o que tinha
que fazer, sabia que seria uma missão complicada e que possivelmente não
voltaria com vida, mas mesmo assim decidiu cumpri-la, seu desejo de ajudar a
cidade de Canavial não era tão forte quando o desejo de libertar aquele
inocente garoto de seus piores pesadelos.
Em um
ritual de mudança de plano, utilizando o espelho como fonte de energia do
destino, Giovani lê em um pequeno pedaço de papel algumas poucas palavras em
latim e logo sente sua alma se esvaindo de seu corpo e sendo arrastada para
aquele pequeno pedaço de espelho. Todos os gritos e vozes que ouvia antes não
eram nada perto do que vê agora.
Um
grande lugar aberto, com montanhas de pedras, vários seres trabalhando
forçadamente com um tipo de mineração, de pequenos até gigantes monstros,
parecia uma enorme fábrica e os operários eram os escravos, com enormes
correntes que os seguravam ali. Em alguns momentos via-se alguns tipos de
engrenagens que apareciam do nada e voavam em direção aos escravos ferindo-os,
como lâminas. Enormes paredes cercavam o lugar e em cima delas era possível
perceber guardas, não humanos. O céu não era céu e sim um grande amontoado de
nuvens cinzas e negras, o chão era quente e seco, todo o sangue derramado dos
escravos o solo absorvia, era o alimento daquele lugar, o cheiro era horrível,
ali não era o inferno, mas devia ser bem perto dele.
Giovani
caminhava atentamente, indo em direção a um lugar que parecia ser a saída
daquele imenso campo de trabalho, haviam algumas casinhas ao longe e logo viu
um escravo conseguindo escapar, os guardas voltaram seus olhares para o
fugitivo e viram um intruso no campo. Um longo grito e várias flechas começaram
a ser atiradas para cima de Giovani, o fugitivo morreu com a primeira
engrenagem que o atingiu e logo foi totalmente drenado para o solo, sobrando
somente os ossos e a pele.
Correndo
como jamais precisou Giovani conseguiu chegar a saída e percebeu estar em um
corredor com várias portas, sentiu que estava em um outro lugar, como um
teletransporte, ali havia um pequeno animal, parecido com um cachorro, mas
andava sobre duas patas somente, ele se aproximou o animal pareceu inofensivo.
Na
primeira porta aberta Giovani via vários demônios, não tinham olhos, mas
possuíam narinas e orelhas protuberantes, ele pegou o pequeno animal inofensivo
e o jogou pela porta, o pobre coitado nem caiu ao chão e os demônios o
atacaram, em segundos só havia sobrado o crânio, a porta foi fechada e ele foi
para a segunda opção, mas também não o agradou, quando chegou à terceira porta
percebeu que os guardas estavam chegando perto, então pulou ali mesmo para fora
do corredor, mas talvez devesse ter escolhido outro lugar.
Caindo
no chão Giovani se assustou, pois não havia nenhum demônio, apenas grandes
montanhas e um pequeno aglomerado de edificações. Ele andou durante um tempo e
logo ouviu barulhos, olhou para os lados e quando olhou para cima viu algo
pulando das montanhas, correndo muito em sua direção, ao virar-se novamente e
ameaçar correr um demônio humanoide parou na sua frente e o tocou, nesse
momento ele sentiu uma febre muito alta, seus olhos queimavam, seu coração
acelerou e ele ouviu um sussurro “Fuja
dos médicos, eles te matam com um só toque”.
Médicos,
por isso eles se chamam assim, seu corpo é humanoide, mas são os únicos que
possuem a pele branca nas costas e no peito, como um jaleco e também no rosto
como uma máscara, eles tem o poder de fazer o inverso que os médicos, eles
matam ao invés de curar. Giovani precisava correr, precisava dar um jeito de
não morrer, olhava para trás e via os guardas se aproximando, sua respiração
estava ruim e seu coração acelerava cada vez mais, seus braços começaram a
formigar e sua última força usou para pular por cima de um muro e cair em uma
espécie de quarto..
Este
quarto, visto de fora parecia apenas uma construção inacabada, sem telhado ou
pintura, mas ao cair lá dentro a visão era totalmente diferente, o quarto era
grande, todo pintado de branco, com telhado e sem janelas, havia uma cama no
quarto onde repousava um garoto, ele era completamente careca, sem pelos nas
sobrancelhas e cílios e estava amarrado à cama com correntes muito pesadas,
seus pulsos apresentavam sinais de que tentou se soltar e no chão tinha pedaços
de correntes mais finas fixadas, haviam um total de sete restos de correntes,
todas bem menores do que a atual. Ao se aproximar do garoto Giovani sentia sua
saúde melhorar, seu coração parou de acelerar e os braços não formigavam mais,
aquele garoto talvez fosse a salvação, tirou as correntes e agora forte e
regenerado carregou o garoto com ele despistando os guardas que não o
encontraram quando pulou no quarto.
Sempre
atento Giovani percebeu que nunca se cansava, mesmo carregando o garoto no
ombro ele se sentia bem, andou por muito tempo até quase pisar em um minúsculo
ser de asas que estava no chão.
- Ei, olha por onde anda grandalhão. – reclamou o monstrinho
que logo parou, olhou e continuou. – Este é... é... este garoto é quem estou
pensando? Ele é nosso salvador? Ele que é mencionado na profecia?
- Que profecia? Que salvador? Me explique essa história.
- Existe uma profecia que diz que para derrotar o Mal
Supremo é necessário que um guerreiro esteja portando alguns itens especiais,
que só podem ser criados por esse garoto aí, em conjunto com os sete anões
ferreiros, Mindro, Gahn, Létia, Prosk, Brack, Quin e Zidra. O Mal Supremo é
capaz de acabar com uma vida apenas de aproximar-se dela, ele deteriora tudo o
que é vivo, possui uma aura capaz de aniquilar qualquer bondade, todos tem medo
dele e esperam o dia que ele seja derrotado, ou aprisionado para sempre. Este
lugar que estamos era uma prisão para espíritos e demônios que foram capturados
por caçadores durante os milênios, até que ele chegou e tudo começou a mudar,
espíritos malignos e demônios se uniram a ele e formaram um exército negro
capaz de tudo para sair daqui. Os sete anões e esse garoto são nossa salvação,
você é o bravo guerreiro que empunhará a arma e vestirá a armadura para
derrotar o Mal Supremo.
- Como encontro os anões, não sei se percebe, mas estou com
pressa.
- Eles só podem ser encontrado se estiver com um mapa, um
mapa especial que o Mal Supremo escondeu em seus aposentos, naquele castelo.
- Como entro lá?
- Não possui guardas, só de se aproximar do castelo um medo
toma conta e ninguém consegue passar, talvez carregando o garoto essa magia não
te... – Giovani corre antes mesmo do pequeno terminar a frase.
Já no
castelo Giovani entra sem nenhum problema, sobe as escadas e chega em um quarto
com várias garrafas cheias de sangue, sem cama, apenas com símbolos de
ocultismo desenhados no chão e nas paredes, tudo era escuro e ouvia-se alguns
gemidos de dor, mas não havia ninguém ali. Em uma das paredes estava um mapa
pendurado, ao tocá-lo teve uma visão em forma de luzes coloridas no céu, se batendo
em uma luta longa, sentiu que eram os sete anões e pegou o mapa.
Em uma
estante haviam pequenas esculturas do garoto que ele estava carregando, de sete
anões e do ser conhecido como Mal Supremo, além do mapa, Giovani também pegou a
escultura do garoto e em um momento de raiva derrubou a escultura do inimigo e
saiu andando com o garoto no ombro. Sua entrada ativou uma armadilha que fez
com que o dono do quarto soubesse do intruso e saindo do castelo ele viu seu
inimigo se aproximando, saiu correndo, lembrou que não estava se cansando e
correu com toda a velocidade até se afastar do castelo, abriu o mapa e no céu
viu uma imagem enorme de um rosto se formar em fogo e falar.
- Você está me desafiando em meu reino, aqui é meu lugar e
ninguém sai vivo a não ser que eu queira, se tenta salvar essa cidadezinha,
será em vão, aqui eu reinarei, será meu quartel no plano terrestre, de onde
enviarei meus exércitos para dominar o resto do seu mundinho querido. Deus não
existe aqui e nem você, nem sete anões e muito menos esse garoto irão me
derrotar. – Então o fogo se apaga e a atenção é voltada para o mapa novamente.
Em
pouco tempo Giovani conseguiu reunir todos os anões, o garoto e um outro
demônio que ele encontrou no caminho que sabia tudo o que ele precisava perguntar
sobre os o Mal Supremo, sobre seus planos e sobre essa prisão e com isso também
descobriu que todos os demônios e espíritos que já matou, na verdade não
morreram, vieram para cá, por sorte é um plano muito grande e ele não encontrou
nenhum, mas essas revelações mudariam tudo sobre ser um caçador como ele era.
Com
todo o grupo formado os anões guiaram até uma forja e lá fizeram seu ritual e
dali saiu uma pequena adaga, uma bola de vidro e um colar com um pingente que
emanava magia, na criação dos itens foi usado o sangue do caçador, só ele e sua
linhagem poderiam usar aqueles itens.
Com a
coragem de um caçador e os itens ali forjados, Giovani parte ao encontro do Mal
Supremo.
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