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A Pena e a Carta dos Deuses (Cap 4 - Ajuda dos Deuses)



Sangue escorrendo dos profundos cortes, resmungos de agonia e dor, um rosto lindo coberto de sujeira e óleo, essa era a imagem que o garoto Giulian via ao olhar para o lado, sua mais nova amiga Pamela estava quase deixando sua vida escorrer junto com o sangue, havia sido torturada por horas.
                Com um pouco de força ainda, Pamela puxa seu colar até rompê-lo e entrega para Giulian, logo depois desmaia.
- O que eles querem? Porque maltratar uma linda menina deixando-a neste estado? Seria eu o próximo? – Se pergunta Giulian, inconformado, quando ouve vozes e passos se aproximando.
- Ele. – Uma voz grossa e rouca só diz isso antes de Giulian ser puxado e arrastado por um longo corredor.
                O garoto foi despido, erguido de cabeça para baixo com as pernas abertas, seus braços foram amarrados esticados ao máximo e um balde de agua foi jogado de cima para baixo em seu corpo nu.
- Agora vamos conversar! – Volta aquela voz rouca e grossa.
- O que querem de mim e dela? Não temos nada a oferecer.
- Têm sim, só nem imaginam o quanto, me entreguem o livro que está tudo certo e serão liberados até o anoitecer.
- Que livro? – Pergunta o garoto se fazendo de desentendido.
- Quero acabar com eles, eliminar todos, preciso do livro para descobrir todos os seus segredos. Me entregue o livro ou Pamela morre. – Nessa hora o homem agarra dois fios e ao encosta-los faíscam saíram, era o método de tortura que usariam.
- Infelizmente você está enganado, não sei de que livro está falando e matar essa menina não vai fazer eu ter ou não o tal livro. – Ao terminar a frase é jogado sobre ele um envelope de onde caem diversas fotos dele e Pamela.
- Quem bateu essas fotografias garante que vocês estão com o livro e eu acredito.
- OK! OK! – Se assusta Giulian, mas se mantém racional - Mas só se você soltar Pamela antes, liberte-a e depois eu conto onde guardei o livro.
- Quem me garante que ela não vai correr para pegar o livro quando eu soltá-la?
- Simplesmente porque ela não sabe onde está, quando fomos sequestrados por vocês eu não tive tempo nem de conversar com ela, além do mais, que diferença isso faz? Eu estou aqui, se eu mentir você me mata...
- Justo. – O homem se vira de costas e grita – Liberem a garota na frente da casa dela.
- Pronto, a ordem foi dada, onde está o livro?
- No lugar que nos sequestraram.
- Como assim? Quando os pegamos não havia nada com vocês. – Faz cara de dúvida e encosta novamente as pontas dos fios para intimidar o garoto.
- Me leve até lá, entrego o livro e você já me solta lá mesmo.
- Ok, em 30 minutos saímos, se estiver mentindo morre.
                Machucado e cansado, Giulian é levado para uma van, diferente da primeira, junto com o homem da voz rouca e grossa e logo colocam um capuz em sua cabeça para não ver o caminho. Nesta hora ele aperta o colar que Pamela lhe entregou e pensa em seu rosto, algo mágico e misterioso ocorre nesse momento.
                Como um holograma diante de seus olhos fechados um caminho todo é percorrido, do ponto em que está até o ponto em que encontra Pamela caída e machucada, passando por cada rua, vendo tudo o que realmente está acontecendo, era algo que ele nunca havia sentido ou passado. Garantindo que Pamela estava solta, ele podia entregar o livro, mas algo mais ele já estava planejando.
                Chegando no lugar do sequestro Giulian é arremessado para fora da van e antes mesmo de aquele homem lhe perguntar, o garoto já estava remexendo atrás de uma arvore, encontra o livro, mas também encontra sua pena e a carta, antes de retirar o livro ele escreve em um papel “Queime esse livro em 10 minutos”, a tinta some e então ele entrega o livro ao homem, que sai derrapando a van, mas não antes de um de seus capangas disparar um tiro na direção do garoto.
                Pamela acorda em frente a sua casa, grita por socorro e é atendida por sua mãe, desesperada e sem entender o que havia acontecido.
                Giulian também desperta, só então percebe que está em um hospital, com muita dor no abdômen.
- Oi, tem alguém aí? – Chama por alguma enfermeira.
- Olá, você acordou, que bom. Como se sente? – Diz uma enfermeira com uma voz tranquila – Alguns policiais querem conversar com você, estão com seus pertences em mãos e querem saber o que aconteceu ontem para ser encontrado naquele estado.
- Como assim? Que estado? Porque estou no hospital? Ontem?
- Quantas perguntas, você não se lembra de nada? Chegou aqui com um tiro na barriga, diversos machucados no corpo, seus pulsos e canelas com sinais de que foi amarrado, me parece que você sofreu um bocado.
- Sim, me lembro de algumas coisas, pode dizer aos policiais que eu estou pronto para falar o que precisarem.
                Ao entrarem no quarto onde Giulian está internado o primeiro policial diz com uma voz rouca e grossa.
- O que aconteceu com o livro?
                Neste momento Giulian se vê sendo assassinado em pleno hospital, mas se mantém firme e diz.
- Entreguei-o para você? Porque?
- Não se faça de desentendido, o livro simplesmente pegou fogo nas minhas mãos e virou cinzas. Quero uma explicação.
- Já fui torturado, torturam a menina que estava comigo, levei um tiro que eu nem sabia que tinha levado, acredite, eu não sei porque esse livro pegou fogo, se quiser me mate logo, isso eu realmente não posso lhe responder, porque não sei a resposta. Afinal, quem são vocês e por que querem tanto eliminar todos eles?
- Adeus, aproveite o pouco tempo de vida que lhe resta. Ah... quase me esqueci, tome os seus pertences! – Diz o homem identificado em sua plaqueta como Comandante Gasparoto, enquanto entrega um saco com a pena, o envelope e o colar.
                Giulian agora poderia encontrar Pamela e tinha de volta a Pena e a Carta dos Deuses, só faltava descobrir o quanto ainda viveria para desfrutar disso e pensando logo em como se defender, mas logo ele teve uma ideia que mudaria o rumo da sua vida, uma ideia que, por mais óbvia que pareça, ele não havia pensado antes e que tinha tudo para dar certo. Pegou a Pena e a Carta dos Deuses, um rascunho e escreveu as frases “Quero sair desse hospital recuperado ainda hoje”, “Quero saber lutar como o Van Damme para me defender” e “Quero que Pamela me procure hoje aqui no hospital na hora que eu estiver sendo liberado” dobrou o papel, beijou-o em sinal de desespero para que aquilo funcione e colocou-o no envelope, logo o papel havia sumido.
                No final da tarde Pamela pensou em Giulian e imaginou que ele estaria no hospital, correu para lá e o encontrou sendo liberado, pois milagrosamente havia se recuperado do tiro, agora só faltava garantir que sabia lutar como seu astro favorito, mas ele sentia que sim.

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