Não que eu nunca tivesse pensado
na existência deles, muito menos que eu não acreditasse em seres sobrenaturais,
mas nada se compara a oportunidade de vê-lo, cara a cara, sentir sua presença
quando seus olhos cruzaram os meus. Gente, isso não é uma história de amor,
alguns poderiam dizer que é de terror, eu acho que simplesmente é uma história
fantástica na qual eu fiquei fascinado e gratificado por ter presenciado.
Eu
estava circulando pela cidade, com minha esposa no carro, nós havíamos saído
para nos divertir um pouco e já na madrugada voltávamos por uma conhecida
avenida. Como durante a madrugada muitos andam bêbados, eu estava receoso,
dirigindo devagar e tranquilo quando avistei mais de longe uma pessoa, parecia
um senhor, andando de um jeito estranho, querendo atravessar na faixa de
pedestres. Nesse exato momento senti a mão de minha esposa em meu braço,
diminui a velocidade do carro e ao se aproximar mais daquela pessoa, percebemos
que estávamos falando de algo bem diferente.
Chamarei
de “ele”, pois não sei do que se tratava, tinha pernas como dos antílopes, com
os joelhos voltados para trás, seu corpo era um tom de cinza ou algo parecido,
mas também um pouco translúcido, estava de noite e acabei de me lembrar que chovia
também. Víamos as gotas de água pingarem em seu corpo como se estivéssemos
vendo tudo ampliado, como se víssemos com nossas mentes e não com nossos olhos.
Enquanto observávamos, o tempo
pareceu estar em câmera lenta, me sentia naqueles filmes que o tempo diminui a
velocidade e o homem aranha consegue escapar de um soco, ou o flash consegue
ver um projétil percorrendo todo o caminho até segurá-lo com as mãos.
Pois é,
“ele” estava atravessando a rua, quando olhou para nós, percebemos que usava um
tipo de máscara de respiração mais evoluída, ou talvez fosse uma parte do seu
rosto mesmo, seus olhos eram profundos e minha esposa se assustou ao cruzar
olhares com “ele”, virou para o lado com o rosto, diz ter visto coisas quando
seus olhares se cruzarem, seriam visões, conhecimentos ocultos, uma forma de
comunicação talvez, mas eu continuei olhando, quando “ele’ voltou a olhar para
frente de novo surgiu uma luz clara ao mesmo tempo intensa, difícil descrever,
e “ele” simplesmente andou em direção a ela e sumiu, como um portal.
Foi uma experiência incrível,
assustadora, magica, fantástica. Foi simplesmente surreal e muito real ao mesmo
tempo, no momento que ele entrou no portal o tempo voltou a correr, eu
simplesmente continuei dirigindo e percebi que tudo se passou muito rápido, o
horário não tinha passado, havíamos ficado minutos ali observando, sendo
observados, mas o tempo não passou sequer um segundo.
Minha esposa ainda não entende o
que viu, suas lembranças das visões ainda estão cobertas por uma névoa, não faz
ideia do que era, mas espero que logo possamos descobrir e entender o que
aquele ser fazia em nossa cidade.
Sim, acredito agora, mais do que
nunca, em seres capazes de viajar pelo tempo, abrir portais e que ao menos
alguns não nos querem mal, porque nós estamos vivos para contar essa história.
“Essa história foi
vivida e contada por um casal de amigos muito queridos, questionados sobre a
possibilidade de mencioná-los como fonte no texto eles foram categóricos em
dizer: “Nós vimos, não temos porque esconder.”
Aí está, Manetti e
Michelle, a vivência fantástica que tiveram e que eu tive a honra de
reescrever. ”
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