Giulian
continuava sua busca por respostas, seus desejos e vontades eram apenas um
agora, seu trabalho se tornou um incômodo em sua vida e ele o largou, amigos e
família só ocupavam seu tempo, então se trancou em um quarto de uma pensão e
viveu lá por um mês, apenas falava por telefone com a sua mãe e pai e pedindo
pizzas e refrigerantes pelo poder da pena.
Utilizando
o máximo de sua capacidade intelectual para pesquisar sobre o assunto Giulian
conseguia sempre a mesma coisa, “nada”, mas desistir jamais.
Após o
final de 30 dias contados e sem ter mais nenhum pesadelo o garoto resolveu sair
na rua, pensou que como são itens antigos pode ser mais fácil encontrar algo a
respeito em livros também da época. Foi até uma biblioteca e lá ficou, após
algumas horas foi mandado embora, tarde da noite, e com o sentimento de que
tudo tem sido em vão.
O
menino caiu na real, aquilo se tornou uma obsessão e ele resolveu tentar
esquecer isso tudo, foi à pensão que estava morando para “fechar a conta”, mas
logo percebeu que sua obsessão também estava obcecada por ele, pois o quarto
estava revirado e havia um símbolo desenhado na parede, parecia satânico, como
os usados em rituais.
Giulian
copiou o desenho, limpou tudo, arrumou o quarto e foi embora, mas agora ele
sabe que precisa descobrir o que é tudo isso, porque logo pode ser assassinado
sem nem saber por quem ou por que. Alugou um quarto em outro ponto da cidade,
para não levar esse mal a sua família, e desistiu de abandonar a obsessão, mas
agora está mais centrado.
O garoto
agora sai da pensão, passeia e senta em bancos de praça para pensar, durante um
destes passeios ele percebeu uma menina sentada, que vestia preto e usava um
colar com o mesmo símbolo que havia na parede de seu quarto, mas não se sentiu
seguro de ir falar com ela. No dia seguinte ela estava de novo na mesma praça,
segurando o pingente de seu colar, como no dia anterior. Assim foi durante
dias, até que no sexto dia ele resolveu ir falar com ela.
- Boa tarde moça.
- É comigo? – Responde ela.
- Sim, eu a vi esses últimos dias, sempre sentada neste
banco, sempre segurando seu pingente e percebi que conhecia esse símbolo. O que
ele significa?
- Ah, então você é algum tipo de psicopata ou estuprador que
persegue meninas que ficam sentadas em bancos de praça, vestem preto e usam
pingentes com símbolos que você conhece? É um pouco exagerado não acha? – Fala com
ironia.
- Não, não... Eu só costumo caminhar por aqui e te vi aí
sentada. Meu nome é Giulian, prazer.
- Bom, se você não é um seqüestrador, estuprador ou qualquer
coisa desse tipo, então meu nome é Pamela e esse símbolo é secreto, conhece?
- Não exatamente, mas o que ele significa?
- Prefiro não entrar muito neste assunto, mas de onde o
conhece?
- Ah, estava pichado em um muro que vi na rua.
- Muro? Tem certeza? Estes símbolos só são conhecidos por
psicólogos, não aqueles que você vai quando tem problemas, os psicólogos são os
únicos que usam estes símbolos, para se tornar um deles você tem que preencher
alguns pré-requisitos e acho que deixar um desses pintado em um muro na rua não
faz parte deles, opa, falei demais! Quem é você na verdade?
- Sou o Giulian, de verdade, e você me parece ser muito
esperta. Na verdade eu não o vi em muro na rua, eu o vi dentro do meu quarto,
estava revirado e havia esse símbolo desenhado na parede. Pode me dizer agora o
que ele significa?
- Ok, começo a tentar acreditar em você, amanhã nesse mesmo
horário me encontre aqui, preciso ir embora.
- Ta bom, eu pretendia mesmo vir passear, até amanhã.
A noite
demorou muito para passar, demorou tanto que Giulian não agüentou esperar e
pesquisou na internet sobre os psicólogos e símbolos secretos. Por incrível que
pareça não existe nada sobre isso, não existem imagens. Não houve opções, foi
necessário esperar até o dia seguinte para encontrar Pamela.
- Boa tarde Pamela.
- Boa tarde Giulian, ainda interessado em saber o que isso
aqui significa? – Mostra o pingente.
- Sim, é claro, passei a noite acordado ansioso.
- Então olhe aqui. – Diz Pamela entregando um livro ao
garoto, onde na capa havia apenas uma grande letra “P”. – Aqui que aprendi
muita coisa sobre meu pai e sobre os psicólogos. Eu tenho vários dos dons que
são pré-requisitos, mas não desejo entrar para esse seleto grupo, pois eu não
desejo aumentar o grupo que fez meu pai sumir da minha vida, nunca mais o
encontrei e nem sequer sei onde ele foi parar.
- Por isso fica segurando o seu pingente? Por saudade do seu
pai?
- Não, o motivo é que eu não consigo encontrá-lo mesmo me
lembrando exatamente como ele era. Esse símbolo é capaz de me ajudar a
encontrá-lo, mas para isso preciso ter a imagem dele perfeitamente na mente,
neste caso ou ele sofreu algum acidente que o desfigurou ou ele simplesmente
não está mais entre nós. Agora chega de papo, leia o livro e me procure no
endereço da pagina 189, linha 5, daqui oito dias. Não esqueça e quem sabe você
me ajuda a encontrar meu pai.
Em
apenas sete dias Giulian já havia lido as 480 páginas impressas em letras
minúsculas e sem qualquer imagem, exceto pelas ultimas 20 paginas das 500 que o
livro possui, onde estão desenhados todos os psicogramas conhecidos. Agora ele
sabia de muita coisa e provavelmente conseguiria dar os primeiros passos no
caminho certo, mas o que aquilo tudo teria a ver com a Pena e a Carta dos
Deuses?
Oito
dias se passaram, no endereço marcado Giulian espera, é em frente a uma casa
antiga, com estatuas em cima dos muros e paredes envelhecidas, em apenas alguns
minutos tudo aconteceu, foi muito rápido, homens encapuzados, armas pesadas,
uma van e Giulian agora está em outro lugar, amarrado, amordaçado e ao seu lado
está Pamela, desacordada, também na mesma situação e mais um episódio dessa
história está por acontecer, mas dessa vez desafiando toda a coragem do garoto
jovem e sonhador que vivia em jogos de computador e agora foi lançado em um
mundo de mistérios da vida real, será que isso tudo é o que ele procurava?
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