Giulian
estava outro dia andando pela rua, voltando de seu tedioso trabalho, quando
assistiu uma cena onde a mulher despejava o marido de casa, jogando suas roupas
todas no chão e gritando algo do tipo: “Fique com sua história e me deixe com a
minha vida”.
A
mulher continuava a arremessar coisas de dentro da casa, até que jogou uma
maleta prateada que se abriu com o impacto no chão. Várias coisas saíram de
dentro da maleta, o homem ia logo catando tudo o que conseguia, como se
estivesse correndo risco de morte ao perder qualquer uma daquelas coisas, mas
algo havia ficado para trás.
Giulian
seguiu seu caminho para casa, após uma quadra um envelope velho e todo
desgastado colou em seu rosto com o sopro do vento, ele assustou na hora, mas
pegou o papel e o jogou de lado, nem se preocupando com o que era.
Eram
aproximadamente 19:30hrs quando viu a cena e exatamente 20:30hrs um amigo bate
na casa de Giulian para lhe entregar um envelope que viu caindo de sua mochila,
ao pegar o papel se lembrou que era o mesmo que colou em seu rosto, achou estranho
e resolveu pegá-lo, depois o amigo foi embora.
O rapaz
abriu aquele envelope velho sobre a mesa da sala, não havia nenhuma carta
dentro, apenas alguns símbolos que pareciam hieróglifos gravados com uma tinta
envelhecida na parte superior do envelope. Tentou descobrir o que significavam
os desenhos e não encontrou nada de útil.
Após
olhar todos os cantos daquele envelope ele o fechou e magicamente um bordão de
cera com um “T” gravado surgiu selando a carta, após um minuto o selo sumiu
novamente virando pó sobre o papel, mas dentro do envelope surgiu uma carta com
a seguinte mensagem.
“Por segurança o
portador destes objetos deve manter sempre em suas mãos um
papel escrito pela
Pena de Turã a seguinte mensagem ‘Quero que quem estiver me perseguindo seja
eliminado’. Sentindo a necessidade de usá-la, basta colocar o papel no envelope
de Murã.
PeH. LM”
Giulian
ficou preocupado e ao mesmo tempo obcecado por estar diante de um item que
parecia ser mágico e ele era um rapaz muito sonhador, viciado em jogos de
computador, aquilo, para ele, era tudo o que alguém poderia querer mesmo sem
saber absolutamente nada sobre o envelope e muito menos sobre a tal Pena de
Turã.
A vida
do garoto continuava normal, pesquisando tudo sobre os símbolos, trabalhando,
estudando e jogando. Duas semanas depois de receber o envelope ele estava
voltando novamente do trabalho e passou em frente da casa que no outro dia a
esposa expulsava o marido, ele olhou para a casa lembrando-se da cena e logo a
mulher saiu da casa e o chamou.
- Ei, menino, vem aqui. – Grita a mulher.
- Desculpe senhora, é comigo?
- Não, é com aquele outro garoto ali do seu lado. É lógico
que é com você, vê mais alguém na rua? – Giulian percebeu que estava sozinho na
rua.
- O que a senhora quer? – Pergunta o garoto sem jeito e se
aproximando.
- Outro dia você viu a minha briga com o meu ex-marido né?
Queria te dar uma coisa que era dele, mas que ficou aqui em casa, ele dizia que
era mágico, pegue pra você, não quero nada daquele historiador louco aqui em
casa.
- Mas senh...
- Nada de senhora, venha aqui e pegue isso pra você. – Fala
a mulher entregando uma pena ao menino.
- Obrigado senhora, sabe me dizer o que isso fazia que ele a
considerava mágico?
- Parece que se escrever qualquer coisa com ela, o desejo se
realiza, mas comigo não funcionou não, escrevi que ele morria caindo da um
prédio. – A mulher demonstra muita raiva no seu tom.
- Ok, vou indo então, obrigado senhora.
Giulian
segue seu caminho pra casa, espantado porque aquilo tudo estaria acontecendo
com ele, primeiro o envelope que chegou estranhamente e agora essa pena que a
mulher disse que é mágica e por fim o fato de que o antigo dono da pena era
historiador, isso deu uma idéia para o rapaz.
Acessou
a internet em uma pagina de pesquisa, procurou por muito tempo sobre pena
mágica na história e encontrou uma página que fala sobre artefatos que são
supostamente amaldiçoados ou abençoados pelos Deuses, neste site ele encontrou
o seguinte texto:
“Um antigo faraó que
possuía o dom de prever o futuro começou a usá-lo de forma errada, causando
muitos danos aos egípcios. O Deus Turã achou conveniente que o homem não
tivesse mais aquele dom e o removeu do faraó.
Muito tempo depois o
faraó pediu aos Deuses que lhe dessem novamente os seus poderes, que só usaria
para o bem dessa vez, mas a única coisa que conseguiu foi um item abençoado,
onde ele não teria como prever o futuro, mas poderia ajudar a construí-lo. Era
uma pena que sempre teria tinta e tudo o que dela fosse escrito se tornaria
realidade, mas o faraó foi avisado de que essa pena só funcionaria com desejos
vindo do coração e que beneficiassem a todos, nada que causasse mal seria
realizado.
O faraó ficou muito
agradecido com o Deus e como forma de oferenda escreveu o nome de cinco pessoas
em um pergaminho e ao lado o desejo de que aquelas pessoas passassem a seguir o
Deus Turã.
A Deusa Murã, irmã
gêmea de Turã, ficou incomodada com a atitude de seu irmão, pois isso só traria
o bem, deixaria o mundo desequilibrado, então criou um envelope amaldiçoado,
onde qualquer desejo negativo que fosse escrito pela pena poderia ser realizado
se o papel fosse colocado no envelope e fechado.
O faraó com toda sua
arrogância e ganância adorou o presente, e como oferenda pegou o pergaminho
onde havia escrito o nome das cinco pessoas e riscou o desejo de seguir ao Deus
Turã, ao lado escreveu que desejava que elas morressem por Murã, colocou o
papel no envelope e logo as cinco foram se suicidando de formas aleatórias.
O Deus Turã e a Deusa
Murã consideraram seus atos impróprios, pois o envelope e a pena serviriam
apenas para manter um equilíbrio do bem e do mal e não para ser usado de forma
deliberada, então levaram o espírito do faraó como pagamento por seus atos e
separaram os itens escondendo-os.
Até hoje a pena e a
carta dos Deuses continuam por aí, perdidos em algum lugar no Egito.”
Giulian sabia que esses itens não estavam
perdidos no Egito e sim em suas mãos, não sabia o que fazer, então começou a
usar de forma simples, fazendo doações de cesta básica para os que passam fome
e também conseguindo algum dinheiro para a própria família.
Durante
os dias que se sucederam o garoto teve uma idéia, escreveu uma carta desejando
descobrir como aqueles itens foram parar em suas mãos, mas como esperado não
foi realizado, então Giulian colocou a carta no envelope e o fechou. Um minuto
se passou e ao abrir o envelope havia um papel velho, acinzentado e mal
dobrado, ele pegou o papel e abriu para ler o que havia escrito.
“Desejo que a Pena e a
Carta dos Deuses sejam entregues a alguém de coração puro e de qualquer forma
que sejam mantidas com essa pessoa.
Informar ao portador
para sempre deixar escrito em um papel a mensagem ‘Quero que quem estiver me
perseguindo seja eliminado’ para evitar qualquer problema de roubarem estes
itens.
Professor e Historiador
Lucas Maldonado.”
Giulian lembrou de que deveria
escrever aquele recado em um papel, então o fez rapidamente e manteve sempre em
seu bolso ou carteira, depois começou a realizou grandes ações beneficentes com
aqueles itens, mas certo dia apareceu em sua porta um homem portando duas armas
na cintura e em questão de segundos o garoto tirou aquele papel do bolso de
trás de sua calça e o homem sacou suas armas, mas Giulian conseguiu colocar o
papel no envelope antes de ser atingido. Um dos tiros disparados pelo homem
ricocheteou e atingiu a própria cabeça, morreu na hora. Foi uma bagunça com a
policia ali investigando e o garoto fingindo não saber de nada, mas tudo foi
resolvido.
Giulian agora sustentava o peso
em sua consciência e também o fardo de carregar dois objetos que trariam muitos
problemas, pelo que pôde perceber!
Comentários
Amo vc! BjoO
hehe
Parabens
abraço