Sentia
cheiro de flores, uma brisa suave tocava o meu rosto e uma claridade que não se
via na cidade, era tudo muito perfeito, acordei sem saber onde estava.
Comecei
a caminhar, perdido e sozinho, não via nada nem ninguém, eu devia estar no
paraíso. Comecei até a me sentir mais livre e percebi que conseguia dar pulos
mais altos do que o normal, então confirmei, eu morri e estou no paraíso.
Fiquei
por horas correndo e olhando tudo naquela floresta em que me encontrava,
descobri uma praia ali por perto e era tudo muito bonito.
Logo um helicóptero começa a
sobrevoar a região e dele saltam três pessoas com uniformes pesados e coletes,
armados e preparados para uma possível guerra, se ali era o paraíso, eu não
morreria, então resolvi segui-los aproveitando as árvores para me esconder.
Durante
um tempo fiquei preocupado achando que estavam me procurando, mas logo os vi
capturando um macaco, em seguida outro e no terceiro, ao atingirem um sedativo
no animal, comecei a me sentir mal e com tontura, mas logo passou e percebi que
eu estava preocupado com aquele macaco, porque até ouvia suas suplicas por
ajuda ecoando em minha mente.
Soube o
que tinha que fazer, comecei a preparar armadilhas com o pouco conhecimento que
tinha, jogando pedras para que eles se distraíssem e em seguida comecei a
assustá-los, fazendo barulhos e movimentos em vários lugares, neste momento
percebi que conseguia ser muito veloz na hora de correr e muito ágil também,
comecei a achar estranho e já sabia que não estava no céu.
Quando
os três se separaram para saber o que os estava rondando eu comecei a pegar um
por um, subi em uma árvore e pulei sobre um deles, consegui tomar sua arma de
dardos tranqüilizantes e já usei nele mesmo.
Ainda
ali por perto vi outro cara andando e com o olho na mira de sua arma, mas de
costas para mim, então mirei nele e o atingi com o ultimo dardo da arma. Me
escondi logo em seguida pensando em como desmaiar o terceiro e poder soltar os
animais, mas logo que resolvi sair do esconderijo desviei no susto de um dardo,
vi que ele já tinha me encontrado.
Em seu
colete estava escrito o nome “Ehcos 0234” e o tipo sanguíneo, imaginei que
fosse de alguma força tarefa, mas eles não pareciam nem um pouco sociáveis.
Corri o mais rápido que pude e consegui alcançá-lo antes que carregasse sua
arma novamente, dei um soco de baixo para cima em seu nariz, como um gancho,
que o desacordou.
Imediatamente
fui soltar os animais que ainda estava dormindo e prender os homens de forma
mais segura, mas logo o rádio de um deles começa a falar e percebi que todos
tinham o mesmo nome, mudando apenas a numeração que o seguia.
- Ehcos 0317. Confirme posição e andamento da missão,
câmbio. – Após dez segundos contados. – Ehcos 0317. Confirme posição e
andamento da missão, câmbio.
Sem
saber o que fazer, apenas peguei os animais e saí correndo dali imediatamente
com apenas uma faca que estava com um dos homens. Fui para o mais longe
possível, quando ouvi novamente o helicóptero e fiquei olhando para saber o que
iam fazer.
Apesar
de já ter imaginado que seria assim me surpreendi com a precisão do helicóptero
em parar no local onde deixei os três homens amarrados, novamente desceram
homens, mas desta vez eram apenas dois pelo que consegui ver, em seguida subiu
apenas um com os três desmaiados presos à corda e o helicóptero começou a
sobrevoar a mata, provavelmente agora era me procurando.
Consegui
um lugar para me esconder, parecia um buraco no chão anteriormente projetado, e
levei os animais comigo, quando percebi que reconhecia o lugar, me lembrei de
alguns flashes de coisas que aconteceram, alguns lampejos de memória perdida
que logo iam tomando forma. Consegui me lembrar que ali tinha suprimentos e um
telefone móvel de longo alcance para eu chamar alguém, até então não me
lembrava, mas logo acionei o telefone e disquei o número que estava anotado em
um papel.
- Alô, quem fala? Estou aqui no meio do mato, tem gente
atrás de mim, tentaram capturar uns macacos e consegui surpreendê-los, mas
ainda tem alguém me procurando e rondando com um helicóptero. – Não conseguia
nem respirar falando tudo o que se passava.
- Ok! Estamos a caminho, mantenha-se seguro. – O telefone
foi desligado sem nem ao menos saber com quem eu estava falando, apenas tinha a
certeza que era uma salvação e uma voz conhecida de homem.
Comecei
a ouvir barulho próximo do meu esconderijo e algo me dizia para manter os
animais seguros, tomei a atitude de sair dali e despistar ou enfrentar aquela
pessoa que me caçava. Não foi necessário eu me decidir, pois o destino havia
feito isso por mim quando colocou um homem de 2,5 metros de altura e no mínimo
1,5 metros de largura de puro músculo bem na minha frente, sem armas de fogo,
apenas o nome Ehcos 0021 tatuado à fogo em seu peito e um porrete de uns 60kg
nas duas mãos.
No
começo eu estava preocupado, mas quando ele tentou me acertar o primeiro golpe,
que por sorte errou e acabou derrubando uma árvore como se fosse uma folha de
papel eu já não estava mais preocupado, eu estava aterrorizado. Se uma árvore
caiu com tanta facilidade, o que ele não faria com a minha cabeça?
Comecei
a correr para bem longe do esconderijo e dos animais, desviei dos poucos golpes
que tentou me acertar enquanto corria, por mais rápido que eu estivesse, mais
rápido ele corria, tentei pular em uma árvore para despistá-lo, mas ele
derrubou essa árvore também, já não sabia mais o que fazer, pensei que não
havia outro jeito a não ser enfrentá-lo.
Parei
de frente para ele após ter tomado alguma distância e esperei ele vir pra cima
com seu porrete cheio de seiva das árvores que acertou, no momento em que o
golpe me atingiria eu dei uma cambalhota para trás e consegui impulso para
pular em cima do porrete, assim consegui também alcançar os ombros daquele
gigante, fiquei meio agachado em seus ombros dando porradas na sua cabeça, mas
pareciam insignificantes.
Ele
ergueu novamente seu porrete e tentou bater em mim passando a arma bem próxima
de sua cabeça, mas sempre com muita precisão. Para me esquivar eu jogava o
corpo para trás, para as costas do gigante, prendendo minhas pernas no pescoço
dele. Por duas ou três tentativas eu mantive a mesma técnica, mas na quarta
tentativa de ataque eu apoiei os pés o ombro dele, lembrando que eu estava mais
ágil e quando o porrete passou próximo de sua cabeça eu pulei em cima da arma,
me machuquei um pouco por ter sido arremessado, mas consegui fazer com que ele
mesmo se acertasse e então deu uma tonteada, deixou o porrete cair no chão e
parou por alguns instantes.
Aproveitei
deste tempo, me levantei e corri em direção dele e pulei com os dois pés em seu
peito, foi tiro e queda, queda mesmo. Um barulho e um breve abalo foram
causados quando o gigante caiu. Fui verificar como estava e aparentava
desmaiado, voltei para o meu esconderijo esperando a ajuda que mandariam, mas
estava demorando.
O helicóptero
que circulava novamente parou sobrevoando o corpo e desceu uma pessoa com uma
corda e o levou embora, mas desta vez ninguém mais havia descido.
Após
duas horas esperando, os animais acordavam aos poucos e o ultimo foi justamente
o que me sentia ligado, quando voltaram para a floresta este macaco ficou
comigo e eu ouvi em minha mente alguns sussurros dizendo que não sairia mais de
perto de mim.
Meus
pensamentos foram interrompidos por Canis, que chegou acompanhado de Heliaca e
Lacrau e seus respectivos animais.
- Meu querido Gabriel, agora deverá escolher qual o nome do se
animal e ele escolherá o seu nome também, é o que falta para concretizar sua
ligação.
- Como assim meu nome? E como assim meu animal?
- Assim como nós, agora você é um dominador. Descobrimos que
havia um animal nesta floresta com o poder que os nossos animais tinham, de se
ligar a um humano dando-lhe poder e servindo de fiel companheiro, procuramos
mais a respeito e descobrimos que era um macaco, esse pequeno macaco branco é
capaz de muitas coisas e é extremamente ágil como já deve ter percebido.
- Quer dizer que eu não morri aquele dia? Apenas quiseram me
trazer para cá?
- Exatamente, até porque se estivesse morto nós não
estaríamos conversando. Agora vamos embora antes que os Ehcos voltem.
- Como você sabe sobre eles Canis?
- Ehcos é diminutivo para Experimento Humano de Caça e
Opressão aos Sobrenaturais, eles caçam para matar ou apreender seres como nós e
nossos animais para estudos. Foram criados para serem muito fortes ou ágeis,
entre outros aspectos que os beneficie de alguma forma. Pelo visto já teve um
bom entrosamento com eles.
- Tive sim, e foi ótimo, você nem imagina. Agora vamos sair
daqui que esse lugar ta me assustando.
- Antes de ir embora precisa dar um nome ao seu animal e
ouvir o nome que ele lhe der.
- Sim Heliaca, já estive pensando nisso enquanto
conversávamos, decidi chamá-lo de Simbio. – Neste momento me veio à mente o
Simbio falando comigo.
- Obrigado pelo nome. Você tem muita vontade e determinação,
eu não poderia ter escolhido melhor companheiro. Seu nome será Primata.
- Acho que ele escolheu Primata para mim. – Menciono o nome
que me foi dado, para que todos soubessem.
- Então Primata, é hora de partirmos. – Diz Lacrau – No
caminho contamos toda a história.
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