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O Cair do Véu (Cap. 2 - Entrar é Fácil, o Difícil é Sair!)


                Surpreenderam-se com a história do lobisomem? Será que estão prontos para mais uma viagem no mundo sobrenatural que se esconde nas sombras de nossas cidades, nos becos e vielas de nossos bairros?
Espero que estejam, pois aqui lhes contarei como foi meu primeiro confronto com o pesadelo de muitas crianças, um ser capaz de correr grandes caminhos em grande velocidade, capaz de erguer toneladas com apenas uma mão, capaz de te fazer esquecer de tudo apenas olhando em seus olhos e o pior, capaz de transformá-lo com apenas uma mordida em um Vampiro como ele!
Miranda, a cidade onde tudo acontece, tem sua história marcada por diversos fatos históricos, mas o que muita gente não sabe é que a cidade também é marcada por diversos fatos sobrenaturais, coisa que apenas as pessoas envolvidas com esse mundo sabem, assim chamados “despertos”.
Dia 21/07/2004, quarta-feira, eu e um amigo chamado Danilo, estávamos caminhando pela cidade de Miranda, um bom tempo após o episódio do lobisomem, quando nos deparamos com uma pessoa jogada no chão, com uma pequena quantidade de sangue respingado na calçada, já era de madrugada e provavelmente ninguém notaria que aquele corpo estivesse desacordado ou talvez morto, apenas pensariam que era um bêbado qualquer largado, dormindo, mas eu resolvi olhar de perto enquanto Danilo permanecia atento olhando cada passo meu me aproximando do homem.
Quando estava ao lado do homem, já agachado para vê-lo melhor, reparei que sua pele, apesar da pouca iluminação, estava muito branca, como se não houvesse sangue em seu corpo. Preocupado com o que tinha acontecido resolvi tocar o pescoço do homem para sentir sua pulsação, mas a única coisa que senti foram dois pontos furados em sua pele, exatamente sobre a jugular. Na hora lembrei-me do lobisomem e logo pensei no que mais existe no mundo que não sabemos.
Chamei Danilo com tom de voz assustado e quando ele viu também se chocou com a cena, olhamos para todos os lados, atentos para ver se não estávamos sendo vigiados, mas aparentemente não.
Largamos o corpo ali mesmo, fingimos que não vimos e voltamos para casa, seguindo nas ruas escuras e sem nenhum movimento da pequena cidade.
Cruzávamos a praça central quando em um impulso do medo olhei para o grande barco de cimento que enfeita a praça, pois percebi uma imagem de relance, mas era apenas o orelhão que já estava todo vandalizado. Olhei toda a praça e não havia uma pessoa sequer sentada nos bancos ou bêbados dormindo no chão.
Continuando o caminho, já quase chegando ao último banco da praça, próximo da esquina, alguém, que não estava ali antes, aparece sentado com suas roupas góticas e luvas com os dedos à mostra.
Assustados, pensamos na hora que poderia ser um vampiro, pois o corpo encontrado era visível que tinha sido atacado por um, ao menos nos baseando nas histórias de livros sobre o assunto.
Corremos em direção a Igreja que ficava do outro lado da rua, rezando para que ele não nos ouvisse, mesmo sabendo que nossos passos seriam ouvidos até por um surdo. Pulamos o muro que tem nas laterais da igreja para ficarmos escondidos e tropecei em um pedaço de madeira, aparentemente era uma cruz que devia estar quebrada, então a jogaram para fora, por sorte. A madeira estava velha e a base da cruz que estava quebrada formava uma ponta que quase me machucou quando tropecei. Pensei logo que aquilo poderia ser nossa arma, já que estávamos lidando com um ser que a coisa mais comum das histórias é a de que se enfiarmos uma estaca em seu peito o vampiro morre ou paralisa, pra mim o importante era eu e o Danilo ficarmos vivos.
Então permanecemos escondidos, de vez em quando tirando a cabeça para fora tentando ver o vampiro e ele permanecia lá, sentado e batendo com as pontas dos dedos na perna, voltei a cabeça para continuar escondido e o Danilo perguntou se ele ainda estava lá, eu afirmei que sim e ele botou a cabeça devagarzinho para ver também, mas dessa vez o vampiro não estava mais sentado, alias, não estava mais em lugar nenhum que eu poderia vê-lo.
Novamente nossos corações aceleraram, mas não foi tempo nem de dar duas batidas e o vampiro caiu na nossa frente, de pé, com seus caninos afiados à mostra e falou:
- Vocês se meteram onde não deviam e pagarão por isso.
Ao ouvir isso Danilo percebeu que o vampiro iria pular em cima de nós para atacar e deitou no chão com os pés voltados para o ser, isso fez com que a investida do vampiro fosse bloqueada e o vampiro perdeu seu bote, aproveitando a oportunidade eu peguei a cruz e parti mirando no peito do vampiro, mas ele me surpreendeu com uma porrada que me jogou na parede, senti minhas costelas quebrando e logo pensei: Estamos mortos!
Danilo ficou próximo de onde a estaca caiu e tentou agarrá-la, mas também foi impedido e jogado na direção do muro que dava para a rua, o muro quebrou com o impacto e o meu amigo quebrou o braço esquerdo.
Eu, ainda sentindo a dor da fratura me ergui enquanto o vampiro se dirigia ao Danilo, pois ele estava sangrando e chamou a atenção do ser. Segui para a estaca, terminei de quebrar a cruz para que virasse duas tiras de madeira, usei o pedaço quebrado para fazer um corte no meu braço, tirei minha camiseta, enrolei a estaca amarrando-a contra meu braço cortado tampando toda a extensão da madeira e chamei o vampiro, em minha mão esquerda eu segurei o outro pedaço da cruz, para usar como distração, quando ele veio em minha direção viu meu braço enfeixado e o sangue sendo absorvido pela camiseta, fingi que ia dar um golpe com a estaca que segurava na mão esquerda e quando ele barrou meu golpe eu o atingi no peito com a outra estaca.
Em instantes o vampiro se desintegrou na minha frente, virou pó enquanto uma quarta pessoa que só notei no final da briga fugiu em velocidade fora do comum, outro vampiro, pensei!
Socorri Danilo, corremos para casa da minha avó, onde eu ficava hospedado e ela me levou ao hospital, dei a desculpa de que tinha me envolvido em uma briga, mas ninguém nunca descobriu porque o muro da igreja estava quebrado, pesaram que tinha sido uma batida de carro, onde o motorista fugiu para não assumir a culpa.
O corpo do homem que encontramos primeiro sumiu e nada foi comentado sobre ele, talvez antes de tentar nos matar o vampiro tenha limpado sua sujeira.
E foi assim, desta vez com um combate que terminou bem, que conheci um pouco mais sobre o mundo sobrenatural que existe, mas ninguém sabe.
E o Danilo? Bom, o pobre coitado perdeu a memória, os médicos chamaram de amnésia traumática, causada pela pancada e assim deixei para que ele não sofresse o medo que eu sofria a partir daquele dia, olhando até se minha sombra não se mexia diferente de mim.
Boa sorte a todos que querem descobrir esse mundo, mas lembrem-se, entrar é fácil, o problema é sair.

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